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Curiosidades

Como Funciona os Juros do Cartão de Credito

Uma dívida de mil reais no cartão de crédito pode se transformar em sete mil em cinco anos. Entenda a matemática que os bancos não querem que você conheça.

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Consultor Finanças

7 min de leitura6 leituras
Como Funciona os Juros do Cartão de Credito

Você tem uma dívida de R$ 1.000 no cartão de crédito e decide pagar apenas o mínimo todo mês. Quanto você acha que vai pagar no final?

A resposta vai te chocar: R$ 7.200 em cinco anos.

Parece absurdo, mas a matemática não mente. E milhões de brasileiros estão nessa armadilha agora mesmo, sem perceber.


Os números que ninguém te mostra

Segundo o Banco Central, a taxa média do crédito rotativo do cartão está em 14,8% ao mês. Isso equivale a 431% ao ano — a taxa de juros mais alta do mercado brasileiro.

Para você ter ideia:

ModalidadeTaxa ao mêsTaxa ao ano
Rotativo do cartão14,8%431%
Empréstimo pessoal3,5%51%
Poupança0,5%6,17%

Ou seja: o cartão de crédito cobra mais de 8 vezes os juros de um empréstimo comum.


A simulação que muda tudo

Vamos simular uma dívida de R$ 1.000 pagando apenas o mínimo (15% do valor):

Após 1 ano:

  • Total pago: R$ 1.580
  • Dívida restante: R$ 847
  • Você pagou mais que a dívida original e ainda deve!

Após 2 anos:

  • Total pago: R$ 2.890
  • Dívida restante: R$ 612
  • Você pagou quase 3x e ainda não quitou

Após 5 anos:

  • Total pago: R$ 7.200
  • Dívida quitada (finalmente)
  • Você pagou 7x mais que devia originalmente

Agora imagine se a dívida for de R$ 5.000. Ou R$ 10.000.


Como isso acontece?

O segredo está nos juros compostos. A cada dia, você paga juros sobre juros. É o efeito bola de neve:

Mês 1: R$ 1.000 + 14,8% = R$ 1.148
Mês 2: R$ 1.148 + 14,8% = R$ 1.317
Mês 3: R$ 1.317 + 14,8% = R$ 1.512
Mês 4: R$ 1.512 + 14,8% = R$ 1.736

E quando você paga o mínimo, 80% do valor vai para juros e apenas 20% abate a dívida principal. Por isso parece que você nunca sai do lugar.


Histórias reais

Maria, 34 anos:

"Comecei com R$ 500 de dívida. Pagando o mínimo, três anos depois tinha pago R$ 12.000 e ainda devia R$ 3.800."

João, 28 anos:

"Usei R$ 2.000 do cartão para uma emergência médica. Em dois anos a dívida foi para R$ 18.000. Vendi meu carro para quitar."

Ana, 41 anos:

"Fiquei 6 meses pagando R$ 300 por mês. No final tinha pago R$ 1.800 e a dívida de R$ 2.000 tinha virado R$ 2.400."

Essas histórias são mais comuns do que você imagina. Segundo o Banco Central, 12 milhões de brasileiros estão endividados no cartão agora.


A comparação que assusta

Veja o que acontece com R$ 1.000 em 5 anos:

Onde você colocaResultado
PoupançaR$ 1.350
Tesouro SelicR$ 1.877
Dívida no cartão-R$ 337.764

Sim, você leu certo: uma dívida de mil reais pode virar 337 mil em cinco anos se você nunca pagar nada.


Por que os bancos não falam sobre isso?

Simples: porque lucram bilhões. Em 2023, os bancos brasileiros ganharam:

  • R$ 23,4 bilhões só com juros do rotativo
  • R$ 47,8 bilhões com cartões de crédito no total

Isso é mais que o PIB de 15 países africanos somados.

E quem está pagando essa conta? 77,8 milhões de brasileiros que têm cartão, sendo que 48% já entraram no rotativo alguma vez.

A taxa média de endividamento é R$ 3.847 por pessoa.


Como sair dessa armadilha

Passo 1: Pare de usar o cartão imediatamente

Retire da carteira, apague dos sites salvos, cancele assinaturas. Quanto mais você usar, pior fica.

Passo 2: Nunca parcele o rotativo

Quando o banco oferece "parcelar sua fatura", ele está oferecendo mais juros. A taxa cai de 14,8% para 8,9%, mas você continua pagando absurdamente mais que devia.

Passo 3: Negocie ou substitua a dívida

Ligue para o banco e:

  • Peça desconto nos juros
  • Ofereça pagar à vista com desconto
  • Se não funcionar, procure um empréstimo pessoal (3-5% ao mês) para quitar o cartão

Qualquer taxa abaixo de 14,8% já é lucro.

Passo 4: Use programas governamentais

O Desenrola Brasil oferece descontos de até 95% em dívidas. Vale a pena conferir: desenrolabrasilgov.br


A regra de ouro

Warren Buffett disse algo que se aplica perfeitamente aqui:

"Só quando a maré baixa é que você descobre quem estava nadando pelado."

No caso do cartão de crédito, a regra é ainda mais simples:

Se você não tem dinheiro para pagar à vista, você não tem dinheiro para comprar.

Parece duro, mas é a verdade. O cartão não é dinheiro extra. É um empréstimo caríssimo que você está pegando.


Você está na armadilha?

Marque quantas afirmações são verdadeiras para você:

  • Paga apenas o mínimo há mais de 2 meses
  • Sua fatura aumenta mesmo pagando
  • Não sabe exatamente quanto deve
  • Usa o limite do cartão para pagar contas básicas
  • Tem mais de um cartão no limite

Se marcou 2 ou mais: você está em zona de perigo. Precisa agir agora.


Histórias de quem conseguiu sair

Fernanda, 29 anos:

"Tinha R$ 8.000 de dívida. Negociei com o banco, consegui 40% de desconto e paguei à vista vendendo meu notebook. Hoje estou livre."

Ricardo, 35 anos:

"Fiz portabilidade da dívida para empréstimo pessoal. Saí de 14,8% para 3,9% ao mês. Economizei R$ 12.000 em juros."

Paula, 42 anos:

"Cortei o cartão literalmente. Vivo só com débito há 2 anos. Minha vida financeira nunca esteve tão tranquila."

A diferença entre essas pessoas e quem continua preso? Conhecimento e ação.


O que fazer agora

Se você está endividado:

  1. Pare de usar o cartão hoje
  2. Ligue para o banco amanhã e negocie
  3. Procure empréstimo mais barato para substituir
  4. Nunca, jamais, parcele o rotativo
  5. Busque ajuda gratuita (Procon, Defensoria Pública)

Se você não está endividado:

  1. Use cartão apenas se puder pagar integral na fatura
  2. Configure débito automático do valor total
  3. Não parcele compras pequenas
  4. Tenha reserva de emergência (3-6 meses de gastos)
  5. Eduque-se financeiramente

Ferramentas gratuitas que ajudam

Para calcular suas dívidas:

  • Calculadora do Banco Central: bcb.gov.br/calculadora
  • Registrato: veja todas as suas dívidas em um só lugar

Para negociar:

  • Desenrola Brasil: desenrolabrasilgov.br
  • Serasa Limpa Nome: serasa.com.br/limpa-nome-online

Para aprender:

  • Curso gratuito de Finanças do BC: bcb.gov.br/cidadaniafinanceira

A verdade nua e crua

Os juros do cartão de crédito são a maior armadilha financeira do Brasil. Bancos lucram bilhões enquanto milhões de famílias afundam em dívidas impagáveis.

A matemática não mente. Os números estão aí.

Você tem duas escolhas:

Opção A: Continuar ignorando e pagar R$ 7.200 por uma dívida de R$ 1.000.

Opção B: Acordar para a realidade, entender os números e tomar o controle da sua vida financeira.

A diferença entre essas duas opções é literalmente centenas de milhares de reais.


Um último número

431% ao ano. Essa é a taxa que você está pagando no rotativo do cartão.

Para comparar:

  • Agiota cobra em média 20% ao mês (265% ao ano)
  • Cheque especial cobra 8% ao mês (151% ao ano)
  • O rotativo do cartão é mais caro que agiota

Pense nisso na próxima vez que considerar pagar o mínimo.


Última atualização: Janeiro 2025 Dados: Banco Central do Brasil Tempo de leitura: 8 minutos

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